13 de fevereiro de 2011
Assistência Social, Um Importante Negócio
Assistência Social, Um Importante Negócio
Neste domingo, como no anterior, trataremos de um assunto pouco difundido em nossas igrejas e do qual temos poucas referências explicativas nas Escrituras, porém não é necessário explanar acerca da sua importância, já que sua origem está intrinsecamente relacionada com o crescimento vertiginoso da Igreja Primitiva e devido ao desenvolvimento da Igreja aparece como função de apoio aos Presbíteros de cada cidade.
Devido às várias interpretações que se deu ao tema, é necessário traçar uma linha direta para o bom funcionamento desta função (responsabilidade).
Quanto à sua origem, João Calvino assevera: “Ainda que o nome de diácono tenha um sentido mais amplo, não obstante a Escritura chama especialmente diáconos aqueles que são constituídos pela igreja para distribuir as esmolas e cuidar dos pobres, como seus procuradores.
A origem, a instituição e o cargo dos diáconos lhes refere são Lucas nos Atos dos Apóstolos (At 6,3).
A causa foi as queixas dos gregos contra os hebreus, porque não eram levadas em conta as viúvas no serviço dos pobres. Os apóstolos, alegando não poderem cumprir por vez com dois ofícios, pedem ao povo que eleja sete homens de boa vida, para que se encarreguem disto. Eis aqui a missão dos diáconos no tempo dos apóstolos, e como devemos ter-lhes conforme o exemplo da Igreja primitiva” [1].
Pela natureza da palavra e o contexto da função, se vê que os diáconos cumpriam uma função de serviços secundários, ajudando aos Presbíteros numa localidade.
Se bem que a palavra diácono também é aplicada a outros homens.
Nesse caso refere-se mais ao espírito de serviço, porque a Cristo também se chama desta maneira. Naturalmente, temos dificuldade em exercer uma Ação Social eficiente, e esta dificuldade vai além de nossa Igreja, alcança outras denominações, pois hoje menos de5% das igrejas estão alinhadas ao novo conceito de Missões chamado Missão Integral, que é o cuidado com o indivíduo total, corpo, alma e espírito.
Esta dificuldade transcende a nossa história, pois até o final do século 14, o movimento cristão protestante não tinha uma visão fragmentada da responsabilidade geral da igreja com a sociedade. Evangelismo e trabalho de transformação do mundo não eram vistos como frentes de trabalho incompatíveis uma com a outra.
Não podemos abdicar de nossas responsabilidades, e esta lição veio no momento certo para nos acordar para este ministério da Igreja, tão esquecido, mas que foi posto à nossa responsabilidade pelo Senhor: “dá-lhes vós de comer”.
II – INCÔMODOS E DORES ACOMPANHAM O CRESCIMENTO DA IGREJA:
• A Bíblia revela diferentes tipos de obstáculos que o inimigo lançou contra a Igreja primitiva, para prejudicar a união nela reinante. Vejamos:
• (1) - MURMURAÇÃO – At 6:1 - Foi o primeiro obstáculo que o inimigo introduziu para trazer desarmonia na Igreja primitiva. A murmuração que apareceu na Igreja de Jerusalém podia ter trazido consequencias ainda mais graves, porém o Espírito Santo deu a Pedro uma orientação valiosa, pela qual ele convocou a Igreja e lhe propôs que fossem escolhidos sete diáconos.
• Foi pela cooperação destes diáconos que as causas da murmuração foram eliminadas (At 6:2-6) e a união na Igreja prosseguiu (At 6:7).
• (2) - A DISCÓRDIA DOUTRINÁRIA – At 15:1 - Foi um outro tipo de embaraço pelo qual o inimigo chegou a ameaçar a união da igreja primitiva.
• Aconteceu porque uma parte dos crentes que antes da sua conversão era constituída de judeus praticantes de todos os ritos da lei, queria agora obrigar os demais (que antes eram gentios), a cumprirem as normas do judaísmo.
• Isso causou tal perturbação, que se tornou uma ameaça terrível à paz na Igreja, anunciando dividi-la em duas facções.
• Porém, o Espírito Santo operou maravilhosamente: todos os envolvidos na questão se reuniram em Jerusalém com a Igreja e seus ministros; por iluminação do Espírito Santo, a Palavra de Deus trouxe luz sobre a questão (At 15:13-21) e o resultado foi maravilhoso, a ponto de se poder dizer: – “todos se alegraram” e “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15:21, 28).
• (3) - AS PESSOAS QUE ATRAEM OS DISCÍPULOS APÓS SI – (At 20:31) – Este tipo de gente é realmente uma casta perigosa: Representam um perigo muito grande para a união na Igreja, pois causam divisões (Jd 19). São pessoas mal intencionadas que, em lugar de pensarem na união da Igreja, procuram fazer de si mesmas “líderes”, para mais tarde ajuntarem em torno deles um grupo.
• São exemplos deste tipo de homens: Absalão (I Sm 15), Coré (Nm 16) e Teudas (At 5:36) que milhares de anos após a sua morte, continuam como um sinal vermelho de advertência, para alertar a todos do perigo de entrarmos no caminho que eles trilharam (Sl 105:15; I Cor 3:17). • Sejamos, pois, zelosos com a querida Igreja do Senhor (Ef 4:3).
III – A INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS:
• Assim como Deus instituiu os levitas para as atividades sagradas no culto auxiliando os sacerdotes, da mesma forma a Igreja crescente precisava dos que pudessem ajudar os apóstolos.
• (1) – O COMEÇO DA ESTRUTURA HIERÁRQUICA – At 6:2-3 – O texto não diz explicitamente que os sete foram escolhidos para o diaconato.
• Mas, uma vez que o substantivo grego “DIAKONIA” significa SERVIÇO; MINISTÉRIO, e o verbo DIAKONEIN significa SERVIR, são o tema do texto, desde o terceiro século d. C., todos os expositores admitem que eles exerceram o cargo que o apóstolo Paulo mais tarde chama de diácono.
• Com o passar do tempo, a Igreja foi se estruturando hierarquicamente, de modo que a comunidade cristã em Filipo, ainda nos dias do apóstolo Paulo, já apresentava “BISPOS E DIÁCONOS” (Fp 1:1). No entanto, o apóstolo dos gentios estabeleceu regras para a consagração destes obreiros (I Tm 3:1-14).
• (2) – CONVOCANDO UMA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA – At 6:2 – A convocação da multidão revela que há decisões na Igreja que precisam ser tomadas em assembleias, juntamente com os membros. Foi uma reunião democrática, mas na direção do Espírito Santo.
• (3) – A FUNÇÃO DOS DIÁCONOS HOJE – O diabo estava armando outra estratégia: desviar os apóstolos das obrigações a que eram vocacionados.
• Pela expressão “MAS NÓS PERSEVERAREMOS NA ORAÇÃO E NO MINISTÉRIO DA PALAVRA” – At 6:4 – mostra que a função dos diáconos se assemelha a dos levitas no A. T., ou seja, auxiliar todas as atividades ligadas ao culto – Nm 3:6-10.
• Se os apóstolos deviam se dedicar à oração e ao ministério da palavra, obviamente, os sete diáconos estavam sendo separados para os trabalhos auxiliares e não meramente as funções filantrópicas, de caráter social.
• Por isso, a atividade dos diáconos é justamente a de auxiliar nos cultos e nas demais atividades da Igreja. Manter a ordem, recepcionar os visitantes, recolher as contribuições, servir a Ceia do Senhor e cuidar do ambiente, para o bem-estar do povo de Deus.
IV – ASSISTÊNCIA SOCIAL É TAMBÉM PRIORIDADE DO EVANGELHO:
• A Bíblia não registra que a Igreja primitiva tenha gastado o seu tempo discutindo ser legítimo ou não o seu dever de cuidar das necessidades sociais, pelo menos dos seus membros. Pelo contrário. Em lugar de discutir se possuía ou não essa responsabilidade, a Igreja procurava a forma de cumpri-la. Disto dão prova os textos de At 2.42-47; 4.32-35; 6.1-7, e não poucos textos das Epístolas.
• At 10:38; III Jo 11 – A prática do bem (que inclui a missão social), está relacionada com o julgamento no dia do juízo final (Mt 25:34-36; Jo 5:29).
• É certo que nossas boas ações não podem nos salvar, porquanto as obras não precedem a salvação, elas a acompanham (Hb 6:9; Apc 14:13 cf Apc 22:12).
• Mas isso não nos permite relegar a segundo plano a prática do bem, pois existe uma relação estreita e fundamental entre nossa salvação e nossa ação social (Ef 2:8-10).
• A preocupação com o bem-estar do próximo era parte da totalidade duma vida dedicada a Deus e a Seu serviço, demonstrada pela Igreja dos primórdios.
A lição mostra que os apóstolos sabiam delegar as tarefas. Infelizmente, hoje, há uma liderança centralizadora na maioria das igrejas e não permitem que outros façam algo em prol da igreja e do próprio líder.
Muitos líderes se sobrecarregam com funções que poderiam ser divididas e confiadas à homens fiéis no desempenho da Diaconía, o que acarretaria num maior tempo para dedicar-se ao ofício dos Presbyteroi.
O Homem por mais capacitado que seja, não exercerá a contento as diversas funções. Por isso Deus permitiu que fossem escolhidos sete discípulos, os quais serviriam às mesas, enquanto os apóstolos se dedicariam ao estudo e a meditação das Escrituras, a fim de que estivessem em condições de ministrar o ensino bíblico.
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