INTRODUÇÃO:
A doutrina do Batismo com (ou no) Espírito Santo é um dos marcos do movimento pentecostal. Na aula de hoje aprenderemos a respeito dos fundamentos bíblico-teológicos dessa doutrina. Inicialmente, atentaremos para algumas considerações hermenêuticas, em seguida, meditaremos a respeito das evidências iniciais, por fim, sobre o propósito desse batismo.
1. ASPECTOS HERMENÊUTICOS DA DOUTRINA
Alguns estudiosos tentam negar a veracidade da doutrina do Batismo no Espírito Santo, ou pelo menos, tirar o seu foco do derramamento posterior à salvação, tendo como evidência o falar em línguas. Esses teólogos costumam ser denominados de cessacionistas, pois argumentam, com base em I Co. 13.8, a irrepetibilidade dos dons, e por extensão, do falar em línguas. O princípio hermenêutico utilizado para tal afirmativa não se justifica, pois, na verdade, a intenção de Paulo, no texto em foco, aponta para a vinda do que é perfeito, Jesus Cristo, não do cânon bíblico, conforme declaram os cessacionistas. A descida do Espírito Santo em Atos 2, como interpretada pelos apóstolos, foi cumprimento de uma promessa profética (Jl. 2.28,29) e se extende a todos os tempos. O acontecimentos de At. 2 diz respeito ao Batismo no Espírito Santo que outrora, os pioneiros pentecostais denominavam de "com" o Espírito Santo. Ainda que isso não seja um erro, é preferível, consoante à preposição grega "en", usar a preposição "no". Isso porque Jesus é o Batizador, é Ele quem batiza o crente no Espírito Santo (Mt. 3.11, Mc. 1.8; Lc. 3.16; At. 1.15; 11.16 veja também Lc. 24.49; At. 1.8). O Batismo no Espírito Santo, realizado por Jesus, como um revestimento de poder, deva ser diferenciado do Batismo PELO (ou do) Espírito Santo, que se realiza no ato da regeneração, quando a pessoa é incorporada ao Corpo de Cristo (I Co. 12.13). O verbo baptizo, em grego, significa imergir, portanto, o Batismo no Espírito Santo é a imersão do crente no Espírito, e o Batismo pelo Espírito Santo é a imersão do crente na igreja.
2. A EVIDÊNCIA FÍSICA INICIAL DO BATISMO A evidência física inicial do Batismo no Espírito Santo é o falar em línguas. O termo grego “glossolalia” (lalia – fala, glossa – linguagem) é frequentemente utilizado para referir-se a esse fenômeno. Em At. 2.4 está escrito que “todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo concedia que falassem”. Não era o Espírito Santo que falava línguas, mas os crentes, esses, porém, não falavam o que quisessem, antes o que o Espírito Santo “concedia” que falassem. As línguas faladas (glossais lalein em grego) eram desconhecidas deles mesmos, e se tratavam de línguas conhecidas na época, faladas pelas pessoas que habitavam as regiões circunvizinhas a Jerusalém e que se encontravam na festa de Pentecostes. Isso não quer dizer que as línguas faladas no ato do Batismo no Espírito Santo necessariamente sejam línguas estrangeiras, mas condicional que não sejam línguas aprendidas pelos falantes, portanto, são estranhas para o que falam. A glossolalia tem a ver com o falar em línguas diferentes, com as variedades de línguas de I Co. 12.10,28, ainda que, neste texto, a ênfase esteja nos dons espírituais. A doutrina do falar em línguas como evidência do Batismo no Espírito Santo se encontra registrada em Atos. Além de Atos 2, no dia de Pentecostes, o relato de Atos 10.46 e 11.15, na casa de Cornélio; em Samaria, ainda que não haja informação explícita sobre a evidência, essa pode ser inferida, pois Simão viu algo que lhe chamou a atenção (At. 8.18); e em Éfeso, quando Paulo orou pelos crentes para que esses recebessem o Espírito Santo e “tanto falavam em línguas quanto profetizavam” (At. 19.6).
3. O PROPÓSITO DO BATISMO O propósito central do Batismo no Espírito Santo se encontra em At. 1.8: poder para ser testemunha de Cristo. A principal função da igreja é a de ser testemunhar da morte e ressurreição de Jesus e isso está registrado em várias passagens de Atos: At. 1.8,22; 2.32; 3.15; 5.32; 10.39,41; 13.31. O poder (dunamis em grego) recebido pelos discípulos, e prometido por Jesus (Lc. 24.49), é a causa da expansão do Seu evangelho. Por causa dessa virtude, eles foram capazes de chegar até aos confins da terra. A igreja de Cristo, nos dias atuais, deva continuar dependendo desse poder. A ampla difusão do evangelho de Cristo pelo movimento pentecostal teve como base esse derramamento de poder. Após serem batizados no Espírito Santo, os missionários partiram para terras distantes, e com autoridade, declararam que Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e voltará em breve. O poder do Espírito não teve apenas como função a evangelização, mas também outorgar autoridade aos discípulos para realizarem milagres. Depois de serem batizados no Espírito Santo os discípulos foram usados para curarem paralíticos (At. 3.1-10; 14.8,9; 28.3-5), expulsarem demônios (At. 5.16; 8.7; 16.16-18; 19.13-16) e ressuscitarem mortos (At. 9.36-42; 20.9,10). Esse milagres, por sua vez, não era o principal alvo da igreja, pois quando esses eram realizados visavam o testemunho do evangelho de Cristo. As línguas de Atos 2 chamaram a atenção dos descrentes para que esses ouvissem a pregação de Pedro.
CONCLUSÃO: No contexto do materialismo moderno, muitos pentecostais estão bem mais preocupados com o bem-estar pessoal, comodidade e prosperidade financeira. Por causa disso, alguns já deixaram de buscar o Batismo no Espírito Santo, não sabem, ou não querem saber, que essa é uma promessa extensiva a todos os crentes (At. 2.39). É preciso que haja um despertamento nas igrejas pentecostais, inclusive na nossa querida e centenária Assembléia de Deus, a fim de que, como dantes, voltemos a buscar o Batismo com o Espírito Santo em fervente oração (Lc. 11.13) para sermos testemunhas poderosas do evangelho de Jesus Cristo (At. 1.8).
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