LIÇÃO 12 – VISÕES E REVELAÇÕES DO SENHOR

Visões e revelações no contexto que o apóstolo Paulo emprega, assume acepções afins. É ver, ouvir ou sentir algo que perpassa os sentidos ou entendimentos humanos. Na igreja neotestamentária, a principal forma de Deus falar com seu povo é através da Bíblia Sagrada, mas não está descartada a possibilidade de visões ou revelações desde que estas coadunem com aquela.

Segundo James Strog (Dicionário bíblico Strong: léxico hebraico, aramaico e grego de Strong. São Paulo: SSB, 2002, p. 311), visão no aramaico vem do léxico chazah (חזה), que é ver (com a inteligência ou por experiência), observar (em sonho ou visão), testemunhar, profetizar ou ainda providenciar.

O que realmente devemos fazer diante de uma visão ou revelação?

Ter humildade (“Conheço um homem em Cristo” 2 Co 12.2)

A primeira atitude a ser tomada ao termos uma experiência sobrenatural é adotar uma postura humilde, uma vez que o próprio apóstolo foi quem tinha recebido as visões e revelações, mas ele em nenhum momento chamou a glória dessas experiências para si. Muito pelo contrário, sem nenhum egoísmo afirmou de conhecia um cristão, mesmo esse cristão sendo o próprio Paulo.

Ter moderação (“há catorze anos” 2 Co 12.2)

Imagine se tivéssemos um sonho profético hoje após lermos esse apontamento. Seria “normal”, por termos uma natureza carnal e consequentemente afoita, ao termos a primeira oportunidade de pregar após o ocorrido falar dessas revelações.

Por outro lado, o apóstolo Paulo ficou 14 anos digerindo aquela magnífica experiência. Igualmente ao apóstolo dos gentios, ao termos uma experiência espiritual, temos que primeiro analisá-la sem pressa à luz da palavra de Deus, segundo, digeri-la com acuidade provando a procedência dos espíritos, vejamos 1 Jo 4.1: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”, pois sabemos que o adversário de nossas almas sempre usou a tática de confundir o povo de Deus.

Nem toda revelação é divina, umas são frutos da própria mente humana (filosofias e tradição dos homens) outras são de origens satânicas (rudimentos do mundo), vejamos Cl 2.8: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”. Logo, precisamos gastar mais tempo digerindo a revelação que falando dela.

Ter honestidade (“palavras inefáveis” 2 Co 12.4)

Paulo tinha autoridade suficiente para interpretar segundo suas vivencias o que viu em sua experiência. Mas ele foi honesto o suficiente para falar apenas o que lhe foi outorgado segundo a medida da fé, preservando sua coerência e unidade. Foi honesto ainda para expor sua dúvida se o que tivera foi um arrebatamento ou uma visão (2 Co 12.3).

A experiência foi tão gloriosa que Paulo a chama de inefável, ou seja, aquilo que não se pode expressar verbalmente devido a própria limitação sensorial humana.

Se tentarmos falar algo será ilícito, pois o ser humano não tem capacidade de exprimi-la. Dessa forma, só falemos aquilo que realmente vimos, sabemos e até a medida que estamos autorizados a falar.

Felipe J. L. Campos