Lição 2 - A Oração no Antigo Testamento
08 de outubro de 2010 às 11h13
Pr. Jairo Teixeira Rodrigues
Divulgação
Pr. Jairo Teixeira, comentarista da Lição Bíblica da CPAD Comentário da lição bíblica para o fim de semana
Leitura bíblica: 1 Reis 18.31-39
INTRODUÇÃO
Prezado professor, na lição desta semana vamos analisar o desenvolvimento da prática de oração ao longo do Antigo Testamento. A Palavra oração aparece cerca de 80 vezes no Antigo Testamento. É importante ressaltar que a oração é uma das mais antigas práticas da humanidade. Esta como responsável pela existência de todas as religiões no mundo, faz uso da oração a fim de afirmar sua experiência de fé. Todavia, a humanidade é criação de Deus, e o elo que comunica verdades entre o Criador e sua criatura, passa pelo exercício da oração. Já no AT. Podemos notar que a oração sempre esteve presente na vida de homens e mulheres que possuíam intimidade com Deus.
I - A Oração Vetero-testamentária
O Antigo Testamento representa o “aio” responsável que guia o povo israelita ao relacionamento perfeito com Deus. Até a formação desse povo, o “Eu Sou” se revela especialmente à sua criatura com o objetivo em designar seu propósito de relacionamento com a vida humana. Esse contexto se configura com Adão, onde o primeiro registro de comunicação entre ele e Deus aparece no texto vetero-testamentário (Gn 1.28). Porém, o Texto Sagrado silencia acerca de qualquer oração feita por Adão e Eva . Mas, com o nascimento do filho de Sete (filho de Adão e Eva), Enos, começou-se “a invocar o nome do Senhor” (Gn 4.26).
No desenvolvimento da nação de Israel averiguamos, em termos de oração, a coragem e a persistência de Abraão em implorar pela cidade de Sodoma, manifestando a existência de justos que poderiam poupar a cidade (Gn 18.22-33). A luta de Jacó com o anjo denota a experiência perpetrada por uma longa oração no Antigo Testamento (Gn 32.24-32). E o grande diálogo de Moisés com o Criador, ao ponto de pedir que o seu nome fosse riscado do Livro da Vida se Deus não perdoasse aqueles que adoravam o Bezerro de ouro (Ex 32.31ss).
Esse contexto denota que o exercício da prática de oração feito por esses personagens centrais, não exigia uma postura para tal. Ou seja, a oração poderia ser feita em pé (1 Sm 1.26), em certas ocasiões ajoelhadas (1 Rs 8.54) ou prostradas (1 Rs 18.42) com as mãos estendidas (1 Rs 8.22,54) ou levantadas (Sl 63.4).
Inicialmente as orações eram feitas de frente para o Templo porque era o lugar onde Deus havia dito que estaria (1 Rs 8.29,30). Após a destruição do Templo ás orações eram feitas em direção a Jerusalém (Dn 6.10).
II - CARACTERÍSTICA DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
A característica principal da oração veterotestamentária é que ela se dirige exclusiva e diretamente a Deus. O Senhor está no centro das orações, pois, é fiel à sua aliança. Para os que oram, Deus é reconhecido como “Rocha” (2 Sm 23.3); “Refúgio” (Sl. 14.6); “Fortaleza” (Sl. 62.3,7); “Escudo” ( Gn. 15.1). O auxílio só pode ser buscado no nome do Senhor que criou céus e terra (Sl. 8; 148 ). Além disso, podemos observar também que no A.T., eram usados gestos durante as orações: prostrar-se no chão (Gn 18.2; 19.2); por-se de joelhos ou dobrar os joelhos (2 Cr 7.3) Sl. 22.30); ficar de pé (1 Sm 1.26); estender as mãos (Is. 1.15); elevar as mãos (Sl 28.2), etc.
III - A ORAÇÃO NO PERÍODO PATRIARCAL
Neste período, a oração é apresentada pela expressão: ” ….e invocou o nome do Senhor”. Invocar significa: “chamar por alguém”. Em latim, “evocare” tem o significado de “mandar vir alguém ou algo”, “tirar” ou “requisitar”. Invocar também significa “chamar por socorro”, “pedir proteção”. Nos versículos abaixo, podemos ver que o Senhor foi chamado ou requisitado em várias ocasiões na vida de seus filhos.
• No nascimento de Enos. “... chamou o seu nome Enos; então, se começou a invocar o nome do Senhor.” (Gn 4.26);
• Depois da promessa feita a Abraão e antes de ele ir para as bandas do Sul. Abraão queria a companhia de Deus “…e edificou ali um altar ao Senhor e invocou o nome do Senhor.” (Gn 12:8);
• Depois que Abraão voltou do Egito. “… e Abrão invocou ali o nome do Senhor.” (Gn 13.4);
• Quando o Senhor aparece a Isaque em Gerar. “Então, edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço”.(Gn 26:25).
IV - A ORAÇÃO NO PERÍODO MONÁRQUICO
Vimos que a palavra “Palal”, no hebraico, tem como significado primário: orar. Este é o sentido geral que aparece em todo Antigo Testamento (Gn 20.17; Nm 11.2; Dt 9.26; I Sm 1.10; I Rs 8.28; II Rs 6.17; II Cr 6.19; Ne 2.4; Sl 5.2; Is 37.15; Jr 29.12; Jn 2.1). Lembrando que as orações são direcionadas a Deus. Observe que as referências citadas contemplam o período monárquico em Israel (período em que a figura do rei é introduzida no cenário político do povo israelita e passa a exercer soberania). É neste momento histórico de Israel que o termo “Palal” é o usado no sentido de “interceder” (Jr 7.16; 11.14; 14.11).
Outra palavra que fica em evidência neste período é a palavra “tephilah”. Um substantivo derivado do termo “palal” que ocorre nos textos bíblicos com o sentido de “interceder” (Is 37.4). Assim, com o uso desses termos com o mesmo significado, a oração intercessória é o tipo de oração mais evidente do período monárquico. Interceder é mais que simplesmente pedir por outro, é se colocar no lugar do outro e rogar e sentir sua dor e suas necessidades. Quando o Senhor Deus pediu a Jeremias “….Não rogues por este povo para bem.” (Jr 14:11) era porque Jeremias se colocava no lugar do seu povo, que seria levado cativo por causa de seus gravíssimos pecados. Sendo a intercessão uma característica deste período histórico de Israel, muito mais característico deve ser na vida daquele que serve a Deus.
V - A ORAÇÃO NO RETORNO DO CATIVEIRO
Com a queda da monarquia em Israel e a deportação do povo ao cativeiro, a nação ficou sem o Templo onde se cultuava ao Senhor. Durante os 70 anos de exílio uma nova forma de expressar a
prática religiosa surgiu entre os judeus: a sinagoga. Com pelo menos dez pessoas, já era possível fundar uma. As orações eram ali realizadas pelos filhos de Israel, e, com o passar do tempo, evoluiu e tornou-se o centro da vida religiosa dos judeus. Nos textos bíblicos que narram o momento do retorno de Israel do cativeiro, os escritores usaram o termo “palal” com o sentido de “confissão”.
Podemos ver isso em (Ed 10:1): “E orando a Esdras assim, e fazendo esta confissão (grifo nosso), e chorando, e prostrando-se diante da Casa de Deus, ajuntou-se a ele de Israel uma mui grande congregação de homens e mulheres e de crianças, porque o povo chorava com grande choro”.
Em (Ne 1.4), Neemias diz: “….e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus”. O significado real do termo é “confessar”. Trata-se, pois, de uma oração de confissão de pecados. Este tipo de oração fica em evidência durante o retorno do cativeiro. Vale salientar que o profeta Daniel também durante o exílio já tinha confessado o pecado da nação em oração: “…E orei ao Senhor, meu Deus, e confessei..” (Dn.9.4). Através desses homens que o Senhor levantou, Israel estava reconhecendo que havia errado e que a grande misericórdia de Deus os havia alcançado, dando a eles uma nova oportunidade de voltar para sua terra.
CONCLUSÃO
Vimos nesta lição que a prática da oração no Antigo Testamento era presente na vida do povo de Deus. O uso das palavras em hebraico que foram usadas e depois traduzida por oração em nossa mostra-nos o real que a oração no A.T., que é o de “interceder”, “clamar”, “aplacar a face de Deus”, “confessar” e “agradecer”. Que essas palavras sejam, não somente estudadas por nós, mas, principalmente, vividas em oração.
REFERÊNCIAS
Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer. CPAD.
Pentecostal, Bíblia de estudo, CPAD
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